quarta-feira, 24 de março de 2010


"Ninguém" (Mattüs & R. Silva)

terça-feira, 2 de março de 2010

Sinfonia K.


“Que Sol maravilhoso!” pensou Lana em mais um dia que a luz queimava suas sensiveis pestanas. Uma segunda feira tipica, com todos falando de futebol e coitos mal esclarecidos. Era a vida adulta contaminando os passantes, porém não tirava o ar ninfo da face de nossa donzela, que caminhava voltando de suas clássicas aulas de violino. Já dominava o instrumento coma destreza de uma boa musicista. E, sempre ao chegar em casa, costumava tocar o instrumento acompanhada pela vista do pai, Franz. Observava o soar das sinfonias com um sorriso clássico tipico de progenitor orgulhoso, porém temeroso, pois o hobby ganhava muito espaço e a faculdade de direito parecia um pouco largada ao desinteresse de sua criança.
Franz era mais um tipico povoador da classe média, mais um daqueles que escodem uma ofensa a deus, um estupro e algum crime de baixa penalidade em seus atos juvenis, entupido pelo conformismo de uma era, metamorfoseou-se de filho rico até farto tomador de tequilas salgadas com emprego repugnante no estado. Ao contrário da filha, não achava luz nos dias, desde que soube de virgindades extintas, perdidas com aquele clássico modelo de má indole residente nas esquinas. Isso gerava dores com sentimento de fracasso, afagados pelo sabor amargo do destilado. Mas a genialidade da música o ajudava a ver os olhinhos opacos de Lana, que soltava versos ao nada, quase que sem querer:
“K. Dormiu para Ter Pesadelos
dando prazer ao desespero...”
Só por simular curiosidade:
- Quem é K, querida?
- É uma barata!
- Você recita para uma barata?
- Mas ele não é qualquer uma, K. habita meus sonhos. Ele tocava meu violino e recitava isso pra mim...

Não interessava mais o sonho, meras ilusões juvenis cheirando a drogas ilicitas. Talvez mais uma decepção a se colecionar. A música cessou, e guardado o instrumento com seu arco de fios amarelados,a moça anunciou banho e saída em tom imperativo. Imaginou Franz que ela tivesse percebido que já se encontrava em ares ébrios. Desde a morte de sua esposa, já sabia da cara de altissima desaprovação da filha quando ele emborcava algumas doses. Engraçado que com o passar das gerações, os atos de Franz sempre causavam repúdio nos outros. A embriaguez como forma de libertação nunca era compeendida por seus antagonistas.
Enfiado numa vida de desespero, as vezes, deve-se apelar para o absurdo como cura. Nunca há motivos plausiveis, somente um impulso e motivos minimos como forma de ignição. E assim, nosso herói caminhou até a porta do banheiro e pediu que a filha saisse, ao destrancar da porta:
- Você não vai sair...
- Você está louco? Marquei com a Sol e Gaby... Tenho que ir...
- Porra! Você é surda? Você não vai a lugar nenhum...
- Me dê um Motivo pra tudo isso?

E o Motivo foi sentido em suas delicadas narinas com um forte tapa que a levou ao chão. Quando acordou estava enrolada em sua toalha ainda no chão do banheiro. Lana levantou-se meioq eu cambaleante e percebeu o pai caído no sofá de tão bêbado. Se a insanidade não precisava de motivos, ela agora superaria isso, tendo uma forte razão para pegar o arcod e seu violino e cortar os fios dourados, amarrando em seu lugar um pedaço de arame farpado enferrujado. Aproximou-se com delicadeza e acariciou o rosto de seu pai com frieza, escutando suas últimas pronuncioações ébrias:
- Você não vai a lugar Nenhum, sua rapariga!
E respondeu, pela primeira vez, em tom suave:
- Nem você, papai!
Posicionando o arco na altura do umbigo de Franz e deu seu primeiro acorde. Sentiu que o pai agarrou seu braço tentando impedi-la, mas logo agora que começaríamos nossa perfeita sinfonia carnal? Com o arco a altura do pescoço, Lana começou a rasgar toda carne paterna, jorrando o sangue seu pecador e emitindo uma sinfonia ditada por acordes de puro sangue poético:
“Franz Morreu para Ter Pesadelos
e Tenho prazer com seu desespero...”

Ass.: Uma Barata Chamada Mattüs

Necrotik Fauna


Pronto, já é meia-noite! Peguei a marreta e Doug, a pá. Mochila de suprimentos nas costas e fomos à necrópole. O cemitério ficava há uns 50 metros de minha casa, era fácil de entrar. Thiago, o zelador, era fácil de ser subornado com alguns trocados e um litro de cachaça. Sempre íamos lá chapar com nossos comprimidos e café, mas hoje seria especial. Batizamos a cachaça com uma porrada de calmantes que fariam aquele bêbado sujo esquecer até o nome da própria mãe,se é que ele tivesse uma.
Atiradas nossas ferramentas pelos fundos, e deixada a garrafa com seu dono, entramos no recinto e fomos para as covas mais distantes. O chão de terra vermelha afundava com nossos sapatos. Sentamos e achamos o que queríamos: há dois meses Dulce havia morrido de depressão, clássica ninfa de vinte e seis anos e formada em psicologia. Enquanto cortava o cabelo, observei o anúncio de óbito no jornal e depois acabei achando seu profile no Orkut. Era mulher de procedência, um rostinho mais ou menos, porém boas pernas. Túmulo fácil de achar, as flores de plástico pareciam frescas, recém colhidas na fábrica. A pá nem foi necessária, era um túmulo de mármore, mas nada que duas marretadas não resolvessem. Confesso que orgulhei-me quebrando a gaveta de uma só. Puxamos o caixão com cuidado e o arrastamos para uma parte mais baldia. Ao abrir, subiu o cheiro saboroso da podridão. Porém, a merda estava feita: era o maldito corpo de uma velha totalmente podre. Voltei ao túmulo e olhei com atenção, era a avó de Dulce. E, para meu desgosto, o maldito que preparou a placa funerária trocou a ordem dos nomes: Dulcinha provavelmente estava enterrada na parte do subsolo e uma grossa camada de concreto separava cada compartimento...
Voltei e Doug pelo visto tinha se empolgado com a defunta megera. Já havia retirado o corpo e posto em cima de um mausoléu, totalmente pelada e pelancuda. Nos encostamos em outra cova e abrimos as mochilas puxando cada um sua jarra cheinha de nosso tesouro negro, éramos movidos a cafeína. Sabe: duas xícaras te deixam ligado, mas uma jarra, juntamente com algumas anfetaminas, é quase como um bright artesanal, você fica alucinado. Bebemos e tomamos todas as bolas, começamos a sentir o efeito,tanto que meu comparsa mesmo não parava quieto. E, como era de se esperar, Dulcinha foi excluída dos planos, iria ser a velha mesmo. Porra! Nem lembrava o nome dela, alguma coisa com nome de santa também.
Colocada a camisinha, fui o primeiro. Saquei um pequeno recipiente do bolso e derramei óleo de cozinha na vagina. Comecei a penetrar... Era gelado, porém delicioso. Metia relaxado, como aquelas clássicas fodas de casal apaixonado, só apreciando o momento. Por um instante, tive alguma lembrança dela em vida. Acho que já tinha ajudado a atravessar a rua! Haha! Agora, ela me retribuía o favor de maneira extremamente agradável. E, cada vez que meu pau escapava, vermes caíam para fora de seu genital. Não gostava de olhar para seu rosto, era triste a decomposição. Vocês não acham que a carne é bela demais para apodrecer? Bom, eu acho. Cansado da normalidade, aproveitei que a unha de meu indicador estava crescida e empurrei o dedo em seu umbigo, abrindo um furo singelo. Subi no mausoléu, e enfiei lá dentro. Parecia até mais confortável. Sentia que meu pênis passava no meio de alguns tubos carnais, deviam ser as vísceras. O estômago humano era fofinho. A cada enfiada, parecia que meu pinto ia para uma direção diferente, sexo sem direção. Gozei dentro e em silêncio... Não sei o que aconteceu, eu havia bolado todo aquele momento e realmente não estava tão empolgado. Saí de cima e dei a vez ao Doug, esse sim, parecia estar com uma ânsia infernal.
Mal desci da tumba e ele já foi pulando em cima da vovó. Ele deve ser meio fresco pra necrofilia, não tentou os orifícios que usei, abriu a boca do cadáver e se socou lá dentro. Um necroboquete doidão. Ele devia ter tomado mais anfetaminas, porque realmente se empolgou com a coisa. Sortudo que era, nem brotaram vermes da cavidade bucal. Tirou a benga da boca e sentou ao lado. Fiquei curioso:
- Já?
- Nada! Olha aí na minha bolsa uma chave de fenda e me joga aí!
Atirei a ferramenta e o maníaco começou a retirar um de seus olhos com muito cuidado. Expurgado o órgão, picaretou a área até abrir um buraco. Saquei qual era a dele, e ,realmente, o maldito fez o que pensei. Doug virou a cabeça de lado e enfiou a pica dentro do rombo! Puta que pariu! Esse sim é doente...
- Caralho, Max! Parece que dá pra ler os pensamentos dela. O cérebro parece até quentinho! Wooollllll Man!!!
É! Ele gozou no juízo da coitada. Vestidos, juntamos nossas coisas e rumamos para o portão. No meio do caminho, encontramos Thiago caído no meio do caminho. Decidi brincar, fingindo que ia dar uma marretada nele. No mesmo instante, Doug tomou a marreta de minha mão e praticamente explodiu a cabeça do moribundo.
- Tá louco porra?
- Já era, brother...
Bom, a merda já estava feita. Pegamos o corpo e o arrastamos até o túmulo profanado, enfiamos o corpo dentro da gaveta. E, em seguida, também empurramos a velha pra dentro, quem sabe não rolava um clima?Well... Fomos pra minha casa. Um bom banho e livre de vestígios, assim, fomos dormir. Tenho certeza que Douglas também não conseguiu dormir pelo efeito das drogas. Pelas sete da matina, outro banho para purificar corpo e alma. Liguei meu rádio de pilha para ouvir as novidades de nosso show. Corremos para pegar o busão, já estávamos bastante atrasados para a faculdade. Acho que mais uma falta e ambos estaríamos reprovados em Anatomia...

Ass.: Mattüs 