terça-feira, 20 de julho de 2010

Obliterado


E naquela chuvosa segunda feira, Tommy finalmente acordou para o trabalho. A luz solar sempre o acordava com sua brutalidade, a apatia de um começo de semana não animava sua face, e assim, se ergueu sério para a labuta. Fez a barba e partiu para o chuveiro, a água despertava de vez sua mente e assim, percebeu algo intrigante: seu pau não estava lá. Sim! Era algo impossível de se imaginar, mas Tommy agora parecia uma maldita Barbie! Abaixo do compartimento de álcool não havia nem pentelhos, tudo liso como uma maldita boneca patricinha. Decidiu pensar em sua tragédia no ônibus, mas a ressaca não dava sincronia aos pensamentos. Alguém sentado ao seu lado comentava como o motorista dirigia e balançando a cabeça positivamente colocou seus fones de ouvidos. Durante o expediente pensou que ainda sem seu mastro sexual poderia levar uma vida comum: ter sorrisos cínicos, correr na praia e continuar bebendo. Ficou até tranqüilo quanto à bebida, porque quando chegou ao banheiro, ouviu uma voz feminina e suave chamando por ele:
- Tommy, venha para mim!
A voz ia ficando cada vez mais baixa e vinha do vaso sanitário. Aos poucos, nosso amigo foi aproximando o ouvido do vaso pelo agradável tom de voz que o chamava. Estando com o ouvido esquerdo perto do trono, a voz cessou. De repente, um jato de urina fluiu de seu ouvido e foi aliviando seu corpo. Assim, o problema estava resolvido, já tinha uma boa adaptação. Chegou em seu apartamento cansado e viu TV até dormir.
Não havia sol na terça e também não havia pernas. Assustador a principio, mas antes uma solução era necessária para o trabalho. E, pela sorte do celular ao lado da cama, uma virose foi anunciada, sendo aceita como desculpa plausível. Muitos amigos já tinham pernas necrosadas pela nicotina e eram ótimos bebuns jogadores de dominó. Pernas só o levavam a lugares onde ele não queria estar. A liberdade de não caminhar até o trabalho, igreja ou encontros familiares não era tão má. Isso foi o conforto até que ouviu a maçaneta de seu apto ser girada por seu grande amor. Rebecca entrou e quase que adivinhando se dirigiu até o quarto:
- Bom dia, Amor! A secretária disse que você não estava no escritório. Vim aqui curar te curar!
Ela sentou ao lado da cama e deu-lhe um beijo ardente. Tommy a abraçou forte e tirou seu top sensual deixando seus seios rosados a mostra. Sugou os bicos com a intensidade de um recém nascido. Sua língua enlouquecia Rebecca com movimentos circulares em seus mamilos. A excitação da moça fez com que ela pulasse em seu homem com voracidade. A língua de sua amada foi até seu ouvido promovendo completa lavagem interna tocando o cérebro amado, fazendo cócegas excitantes na mente. Tocou o queixo com a pontinha, e promoveu uma densa lambida até os lábios do futuro marido. Ficou de pé e tirou seu short com sensualidade, um short tão apertado que quase se fundia a carne, um tesão tão intenso que Tommy virou a cabeça para o lado esquerdo e a moça nem percebeu sua ejaculação auditiva no travesseiro. Num ato quase de strip, ela tirou sua calcinha e enfiou guela abaixo do moço, dando a refeição que todo tarado merecia. O suor feminino era o sabor do prazer. Dedos e língua bem usados e ela também gozou. Cigarros acesos e conversas sobre um futuro matrimônio. Ela se foi no meio da madrugada...


Consciência desperta e antes de abrir os olhos já imaginava o que tinha acontecido. Pois é, tronco e cabeça eram o que lhe restavam. Antes de revigorar raciocínio, sua mãe aparece em sua frente emburrando um canudo em sua boca:
- Você está anêmico Thomas! Beba esse suco de beterraba!
Não pronunciou uma palavra. Somente obedeceu a ordens de sua genitora. E ao terminar, só ouviu algum comentário maldito:
- Misturei seu remédio ao suco, você anda com muitas olheiras! Precisa descansar! Rebecca me disse que você vai mal no trabalho e passa a noite escrevendo essas porcarias de fanzines que não dão dinheiro! Você precisa descansar, já que anda doente, e se dedicar mais ao seu trabalho, filho!
Estático, ele pensou nos comandos sem futuro e sentiu os efeitos dos remédios até abrir os olhos novamente e se tornar uma mera cabeça. Não havia medo algum nisso. Agora era se sentia o humano mais feliz do mundo, pois havia mais nada para fazer, somente pensar. Família, trabalho e toda a sociedade: o que eles estavam fazendo? Na verdade, a questão não seria realmente essa, mas sim, o porquê de tudo aquilo existir. Era muito estranho pensar que teríamos obrigações tão ridículas. Nós causamos nossas próprias dores e alegrias, logo tudo isso está dentro de nós. Porque precisar de tanto protocolo para ser feliz? Uma cerveja, um amor ou um pensamento. Tudo poderia nos deixar felizes. Mas a sociedade adorava sentir a navalha dilacerando nossa carne com tantas falsas obrigações. Um dia de reflexão até o adormecer da primeira cabeça pensante de nosso mundinho.
Não imaginava que fosse abrir os olhos, mas era de manhã e o pior: seu corpo estava completo. Mas algo realmente ruim havia acontecido, Tommy não reconhecia a si mesmo, não se lembrava de nada. Havia apagado toda sua vida, esqueceu até de mim, seu criador. Em sua cabeça só o sonho e reflexão. Olhou no celular e eram seis da manhã de segunda feira. Foi até a janela de seu apto e gritou forte:
- Heyyy! Vocês estão me ouvindo? Heyyy!!
Algumas janelas se abriram, exibindo rostos assustados em busca da razão de tanto incômodo. Pensou que a verdade doía demais dentro de si e resolveu dar um último depoimento para o mundo:
- Querem saber? Nunca mais! Entenderam? Nunca Mais!
Tommy pulou da janela do quinto andar. Fazia pouco sol naquela manhã...

domingo, 9 de maio de 2010

Sociopata Blues


Confesso que um bar a beira de um lago nunca me pareceu boa idéia, mas o que eu tinha a ver com isso? A idéia de um bom mergulho para curar a cachaça nunca tinha passado por minha cabeça, fazer o quê? Se nem todo mundo pensa como eu... A vida era bem simples: depois dos esporros naquele maldito escrOtório, esfriar a cabeça com uma gelada e no fim da renda, cair de cara na pinga. Um esquema simples, seguido pela toda massa escrava angustiada. Somos todos vitimas de um tipo raro de anencefalia, onde só os casos mais graves sobrevivem, e se tornam modelos de sucesso. Sangue nas ruas, bundas na TV e algo etílico desce queimando por minha garganta. Um ciclo vital passado de pai para filho, silenciosamente.
Chegar bêbado e acordar ainda chapado para o trabalho era algo tão intenso que não percebi a perda de figuras como esposa e filhos. Lembro que alguém se chamava Julia, mas pouco importa. A única coisa a ser mantida era o maldito emprego, dependia daquela bosta pra tudo. Pior que o patrão curtia os meus serviços, mas a vontade de cuspir na cara de qualquer um que tentasse se aproximar de mim era inevitável. Sustente os ricos e transforme a miséria em rotina. Queria que alguém me falasse isso enquanto eu segurasse um 38 bem carregado... Os Miolos estourados eram uma boa maneira de contestar certas verdades.
O trabalho queria-me como máquina, frio e calculista gerando lucros. A família necessitava de uma fonte financeira fixa e Deus precisava de um brinquedo para castigar. Sabe o que eu preciso? Garçom! Mais uma dose... Era mais uma sexta cheia de esquecimento, putas beijadas com amor, sorrisos e alguns momentos de ódio ao ouvir um singelo “Bom Dia!” (talvez a expressão mais cara de pau já inventada pela humanidade). O dia bom será aquele em que eu não seja obrigado a cruzar com outro ente de minha maldita espécie pelas ruas. Estando em tamanha depravação, só resta à humanidade esperar pelo processo de dedetização conhecido vulgarmente por apocalipse...
Ao longe, avistei minha carruagem: aos insetos mortos restava serem enterrados como indigentes, e quase toda madrugada, o caminhão do IML ia fazer esse serviço. Já havia bebido com os caras, não ia muito com a cara deles, mas alguém que faz um serviço desses, com certeza, merece alguma consideração de minha pessoa. Pararam o caminhão do outro lado do lago e vieram sem as fardas, acho que este oficio não deve atrair muitas gatas, todos com um certo fracasso estampado nas faces. Assim que entraram, eu saí. Andei até o caminhão, abri o ferrolho e existiam três caixões. Profanei o do meio: mais um raquítico com cara de nóia e, com no mínimo, uns cinco tiros na cara. Carreguei o maldito corpo até a beira do lago e o atirei dentro. Quando estava voltando, para minha surpresa, um dos funcionários estava de pé, olhando-me ao lado do caminhão:
- Eu vi o que você fez!
- Sim... E aí?
- Eu te entendo...


Entrei no baú e meu único amigo no mundo fez o favor de trancar a porta. Acendi meu isqueiro e entrei no caixão. Senti um papel sobre minha cabeça e existia uma simples mensagem “Bem Vindo Ao Esquecimento!”. Meu brother devia ter um senso de humor um pouco retardado, mas fazer o quê?
Agora só restava aguardar, senti o caminhão em movimento e que alguém colocou pregos em minha morada. Senti que estava sendo carregado e logo depois desciam o caixão com cuidado... Lembrei que Julia era minha filha e fiquei devendo 20 contos no bar. Nunca mais veria ninguém, senti a terra cobrindo a pouca clareza que me restava. Minha existência cessava com perfeição, o momento de êxtase e vingança sobre a vida. E, em nas últimas respirações, a escuridão abriu suas portas para mim. Eu conseguia enxergar os demônios e vermes vindo dilacerar minha carne. Finalmente eu tinha fé, finalmente eu tive um Bom Dia!

Ass.: Mattüs

Amor Incondicional e Demências Sexuais


Essa é a história de Karina e Marcos, o casal como muitos outros que avisto passando felizes por minha janela. E, como hoje é domingo, vamos começar por um momento depois do sexo de um sábado nublado:
- Acho que depois de hoje, não nos manteremos os mesmos. Isso não vai continuar assim, Karina!
- O Que houve amor? Exclamou assustada.
- Você quer casar comigo?
É óbvio que as lágrimas vertiam com um “sim” intenso e firme. Sabemos que apesar de toda a alegria, o pensamento em futuros matrimônio, confunde bastante os noivos. Nunca se pensa em coisas como bafo, filhos e obesidade pós núpcias. Movidos por um intenso desejo de seguir seu ciclo vital, os animais superam tudo, para não acabarem sozinhos nas sarjetas do universo. Começando a semana, marcos seguia para seu emprego no banco e Karina, tinha um rumo bem peculiar para o quartel, a carreira na policia era seu sonho de infância, influenciada por um falecido pai, servidor da ditadura. Opostos profissionais que levavam o casal a rir com a paz e turbulências de seus empregos: amar o dinheiro (nem que seja o dos outros) e estourar miolos criminosos, quase que por prazer.
Quase toda noite, Marcos ia jantar na casa da noiva. Era tido como um bom sujeito, os pais de Karina era semimudos e aceitavam o relacionamento bem, ficaram contentes até, quando souberam do noivado. Depois do jantar, era comum colocar algum vinil de rock nacional na sala e fazer planos sobre uma casa no subúrbio e quantos filhos deveriam ter. Lembravam do primeiro encontro no parque, amigos em comum, e um beijo roubado que quase fez o bom moço tomar um murro da mulher de farda. Saindo as pressas, um dia marcos esqueceu o celular na varanda. Karina não quis demonstrar a doença dos ciúmes, mas poucos minutos depois da saída de seu amor. O aparelho vibrou anunciando mensagem recebida. Olhou pela tela e viu que o remetente era de uma certa Laura, a curiosidade venceu.
“Marquinhos, o exame saiu hoje e deu positivo. Estou desesperada, acho bom você fazer o seu também, sinto muito!”.
Como todo bom sonho, tudo acabou na mente de Karina. Quase cinco anos de bons momentos desmoronaram... Ficou em sua cabeça um único pensamento de decepção:
-Vou matá-lo!
Chorou bastante, mas o ódio não a deixava desabar. No dia seguinte, fingiu que nada havia acontecido. Aguardaria a hora certa, no dia seguinte quando voltou do quartel soube que marcos havia passado em sua casa para pegar o celular e que só voltaria no dia seguinte. Tentou ligar, mas o aparelho estava desligado. E isso se prosseguiu por dois ou três dias. O tormento fez Karina usar métodos plausíveis de amparo a dor: começou a esvaziar o bar da casa e afirmou doença no trabalho. Três dias na fossa, entre as doses tentava ligar e nunca recebia retorno, até que tentou o residencial e ficou espantada quando soube de sua sogra que Marcos não aparecia em casa desde a noite em que havia pegado o celular.

Seus pais acharam estranho a filha sempre trancada no quarto. O pai sentiu falta de duas ou três garrafas. Pensou que a filha uma hora explicaria tudo em algum momento propício, pela ausência de Marcos, realmente cogitaram o fim do romance, mas o silêncio era a melhor cura para todo o mal.
Até que no quinto dia, perto das 23 horas, o celular de Karina tocou e era quem ela queria:
- Karina, nós precisamos conversar!
- Claro amor! Estou com viatura em casa, onde te pego?
- Na entrada da cidade, perto do orquidário municipal...
- Tá certo! Beijão!
E ele estava lá na hora marcada, subiu no carro e Karina começou a dirigir para fora da cidade. E marcos começou a soltar em tom de dor:
- Algo grave aconteceu amor... Algo que acho que não vai manter as coisas como eram.
Karina encostou o carro e começou a chorar com rosto totalmente sério e olhando nos olhos de seu odiado ex amado:
- Karina há alguns meses eu conheci uma mulher e...
Ela sacou o revólver e o apontou para a cabeça de Marcos, que ficou petrificado com a cena:
- Qual o resultado do seu exame?
- Eh... Ehh...
- Fala, seu filho da puta!
- Deu positivo!
O Silenciador abafou o estrondo, mas o sangue espirrou na face da moça de coração partido. Sangue e morte misturados a lágrimas: era isso que seu futuro matrimônio havia lhe rendido. Marcos caiu quase que pendendo para o lado do motorista e com a cabeça bateu no toca fitas que ligou na rádio. Tocava uma música de amor universal, a canção tema do filme Ghost. Karina encostou a cabeça no volante com choro e gritos. Isso durou quase uma hora, até a decisão aparecer. Ajeitou o corpo no banco do passageiro e pôs o cinto de segurança para ele não cair, percebeu que havia uma garrafa metálica no bolso da calça, abriu e tomou um gole daquele uísque vagabundo. Conhecia aquela estrada bem, já havia feito patrulhas nas redondezas. Reclinou completamente o seu banco e ligou o motor. Existia pelo menos oito quilômetros em linha reta. Pisou fundo até chegar a uns 160 km/h. Ouviu na rádio que a música mais votada da noite seria repetida, e de novo tínhamos aquela canção. Soltou o volante, deitou no banco e fechou os olhos. Apreciou bem a canção...

Obs.: Os portadores de quaisquer patologias merecem respeito, doenças não tiram a igualdade entre os seres. Você se sente saudável? Achar a vida em Sociedade normal é a prova de que você sofre de um mal incurável, chamado "estupidez crônica".

ass.: Mattüs

Análise Clínica dos Fluídos Corporais


Abrindo seu tórax em busca de sentimentos. Se possível, amputarei seus olhos para enxergar a verdade. Sangue jorrando do jeito que os jornais gostam. Tripas como suvenir, e coração extirpado para sentir o amor. Álcool derramado em sua face, crânio em chamas com a fumaça de cabelos queimados entrando em meu pulmão. Não entendo a estranha tara de morder suas coxas até sangrarem. Dentes amputados com alicate e colocados na caixinha do anel de noivado. Nos joelhos faço desenhos com bisturi, só para tatuar meus pensamentos em sua carne... Dois dedos em sua vagina para medir a temperatura: estava fria. Arrancar todo o aparelho genital e colocar numa panela com água fervente. Preparado o cozido, unir as partes com agulha e linha. Putrefação e Amor, a vida como ela é...

As.: Mattüs

quarta-feira, 24 de março de 2010


"Ninguém" (Mattüs & R. Silva)

terça-feira, 2 de março de 2010

Sinfonia K.


“Que Sol maravilhoso!” pensou Lana em mais um dia que a luz queimava suas sensiveis pestanas. Uma segunda feira tipica, com todos falando de futebol e coitos mal esclarecidos. Era a vida adulta contaminando os passantes, porém não tirava o ar ninfo da face de nossa donzela, que caminhava voltando de suas clássicas aulas de violino. Já dominava o instrumento coma destreza de uma boa musicista. E, sempre ao chegar em casa, costumava tocar o instrumento acompanhada pela vista do pai, Franz. Observava o soar das sinfonias com um sorriso clássico tipico de progenitor orgulhoso, porém temeroso, pois o hobby ganhava muito espaço e a faculdade de direito parecia um pouco largada ao desinteresse de sua criança.
Franz era mais um tipico povoador da classe média, mais um daqueles que escodem uma ofensa a deus, um estupro e algum crime de baixa penalidade em seus atos juvenis, entupido pelo conformismo de uma era, metamorfoseou-se de filho rico até farto tomador de tequilas salgadas com emprego repugnante no estado. Ao contrário da filha, não achava luz nos dias, desde que soube de virgindades extintas, perdidas com aquele clássico modelo de má indole residente nas esquinas. Isso gerava dores com sentimento de fracasso, afagados pelo sabor amargo do destilado. Mas a genialidade da música o ajudava a ver os olhinhos opacos de Lana, que soltava versos ao nada, quase que sem querer:
“K. Dormiu para Ter Pesadelos
dando prazer ao desespero...”
Só por simular curiosidade:
- Quem é K, querida?
- É uma barata!
- Você recita para uma barata?
- Mas ele não é qualquer uma, K. habita meus sonhos. Ele tocava meu violino e recitava isso pra mim...

Não interessava mais o sonho, meras ilusões juvenis cheirando a drogas ilicitas. Talvez mais uma decepção a se colecionar. A música cessou, e guardado o instrumento com seu arco de fios amarelados,a moça anunciou banho e saída em tom imperativo. Imaginou Franz que ela tivesse percebido que já se encontrava em ares ébrios. Desde a morte de sua esposa, já sabia da cara de altissima desaprovação da filha quando ele emborcava algumas doses. Engraçado que com o passar das gerações, os atos de Franz sempre causavam repúdio nos outros. A embriaguez como forma de libertação nunca era compeendida por seus antagonistas.
Enfiado numa vida de desespero, as vezes, deve-se apelar para o absurdo como cura. Nunca há motivos plausiveis, somente um impulso e motivos minimos como forma de ignição. E assim, nosso herói caminhou até a porta do banheiro e pediu que a filha saisse, ao destrancar da porta:
- Você não vai sair...
- Você está louco? Marquei com a Sol e Gaby... Tenho que ir...
- Porra! Você é surda? Você não vai a lugar nenhum...
- Me dê um Motivo pra tudo isso?

E o Motivo foi sentido em suas delicadas narinas com um forte tapa que a levou ao chão. Quando acordou estava enrolada em sua toalha ainda no chão do banheiro. Lana levantou-se meioq eu cambaleante e percebeu o pai caído no sofá de tão bêbado. Se a insanidade não precisava de motivos, ela agora superaria isso, tendo uma forte razão para pegar o arcod e seu violino e cortar os fios dourados, amarrando em seu lugar um pedaço de arame farpado enferrujado. Aproximou-se com delicadeza e acariciou o rosto de seu pai com frieza, escutando suas últimas pronuncioações ébrias:
- Você não vai a lugar Nenhum, sua rapariga!
E respondeu, pela primeira vez, em tom suave:
- Nem você, papai!
Posicionando o arco na altura do umbigo de Franz e deu seu primeiro acorde. Sentiu que o pai agarrou seu braço tentando impedi-la, mas logo agora que começaríamos nossa perfeita sinfonia carnal? Com o arco a altura do pescoço, Lana começou a rasgar toda carne paterna, jorrando o sangue seu pecador e emitindo uma sinfonia ditada por acordes de puro sangue poético:
“Franz Morreu para Ter Pesadelos
e Tenho prazer com seu desespero...”

Ass.: Uma Barata Chamada Mattüs

Necrotik Fauna


Pronto, já é meia-noite! Peguei a marreta e Doug, a pá. Mochila de suprimentos nas costas e fomos à necrópole. O cemitério ficava há uns 50 metros de minha casa, era fácil de entrar. Thiago, o zelador, era fácil de ser subornado com alguns trocados e um litro de cachaça. Sempre íamos lá chapar com nossos comprimidos e café, mas hoje seria especial. Batizamos a cachaça com uma porrada de calmantes que fariam aquele bêbado sujo esquecer até o nome da própria mãe,se é que ele tivesse uma.
Atiradas nossas ferramentas pelos fundos, e deixada a garrafa com seu dono, entramos no recinto e fomos para as covas mais distantes. O chão de terra vermelha afundava com nossos sapatos. Sentamos e achamos o que queríamos: há dois meses Dulce havia morrido de depressão, clássica ninfa de vinte e seis anos e formada em psicologia. Enquanto cortava o cabelo, observei o anúncio de óbito no jornal e depois acabei achando seu profile no Orkut. Era mulher de procedência, um rostinho mais ou menos, porém boas pernas. Túmulo fácil de achar, as flores de plástico pareciam frescas, recém colhidas na fábrica. A pá nem foi necessária, era um túmulo de mármore, mas nada que duas marretadas não resolvessem. Confesso que orgulhei-me quebrando a gaveta de uma só. Puxamos o caixão com cuidado e o arrastamos para uma parte mais baldia. Ao abrir, subiu o cheiro saboroso da podridão. Porém, a merda estava feita: era o maldito corpo de uma velha totalmente podre. Voltei ao túmulo e olhei com atenção, era a avó de Dulce. E, para meu desgosto, o maldito que preparou a placa funerária trocou a ordem dos nomes: Dulcinha provavelmente estava enterrada na parte do subsolo e uma grossa camada de concreto separava cada compartimento...
Voltei e Doug pelo visto tinha se empolgado com a defunta megera. Já havia retirado o corpo e posto em cima de um mausoléu, totalmente pelada e pelancuda. Nos encostamos em outra cova e abrimos as mochilas puxando cada um sua jarra cheinha de nosso tesouro negro, éramos movidos a cafeína. Sabe: duas xícaras te deixam ligado, mas uma jarra, juntamente com algumas anfetaminas, é quase como um bright artesanal, você fica alucinado. Bebemos e tomamos todas as bolas, começamos a sentir o efeito,tanto que meu comparsa mesmo não parava quieto. E, como era de se esperar, Dulcinha foi excluída dos planos, iria ser a velha mesmo. Porra! Nem lembrava o nome dela, alguma coisa com nome de santa também.
Colocada a camisinha, fui o primeiro. Saquei um pequeno recipiente do bolso e derramei óleo de cozinha na vagina. Comecei a penetrar... Era gelado, porém delicioso. Metia relaxado, como aquelas clássicas fodas de casal apaixonado, só apreciando o momento. Por um instante, tive alguma lembrança dela em vida. Acho que já tinha ajudado a atravessar a rua! Haha! Agora, ela me retribuía o favor de maneira extremamente agradável. E, cada vez que meu pau escapava, vermes caíam para fora de seu genital. Não gostava de olhar para seu rosto, era triste a decomposição. Vocês não acham que a carne é bela demais para apodrecer? Bom, eu acho. Cansado da normalidade, aproveitei que a unha de meu indicador estava crescida e empurrei o dedo em seu umbigo, abrindo um furo singelo. Subi no mausoléu, e enfiei lá dentro. Parecia até mais confortável. Sentia que meu pênis passava no meio de alguns tubos carnais, deviam ser as vísceras. O estômago humano era fofinho. A cada enfiada, parecia que meu pinto ia para uma direção diferente, sexo sem direção. Gozei dentro e em silêncio... Não sei o que aconteceu, eu havia bolado todo aquele momento e realmente não estava tão empolgado. Saí de cima e dei a vez ao Doug, esse sim, parecia estar com uma ânsia infernal.
Mal desci da tumba e ele já foi pulando em cima da vovó. Ele deve ser meio fresco pra necrofilia, não tentou os orifícios que usei, abriu a boca do cadáver e se socou lá dentro. Um necroboquete doidão. Ele devia ter tomado mais anfetaminas, porque realmente se empolgou com a coisa. Sortudo que era, nem brotaram vermes da cavidade bucal. Tirou a benga da boca e sentou ao lado. Fiquei curioso:
- Já?
- Nada! Olha aí na minha bolsa uma chave de fenda e me joga aí!
Atirei a ferramenta e o maníaco começou a retirar um de seus olhos com muito cuidado. Expurgado o órgão, picaretou a área até abrir um buraco. Saquei qual era a dele, e ,realmente, o maldito fez o que pensei. Doug virou a cabeça de lado e enfiou a pica dentro do rombo! Puta que pariu! Esse sim é doente...
- Caralho, Max! Parece que dá pra ler os pensamentos dela. O cérebro parece até quentinho! Wooollllll Man!!!
É! Ele gozou no juízo da coitada. Vestidos, juntamos nossas coisas e rumamos para o portão. No meio do caminho, encontramos Thiago caído no meio do caminho. Decidi brincar, fingindo que ia dar uma marretada nele. No mesmo instante, Doug tomou a marreta de minha mão e praticamente explodiu a cabeça do moribundo.
- Tá louco porra?
- Já era, brother...
Bom, a merda já estava feita. Pegamos o corpo e o arrastamos até o túmulo profanado, enfiamos o corpo dentro da gaveta. E, em seguida, também empurramos a velha pra dentro, quem sabe não rolava um clima?Well... Fomos pra minha casa. Um bom banho e livre de vestígios, assim, fomos dormir. Tenho certeza que Douglas também não conseguiu dormir pelo efeito das drogas. Pelas sete da matina, outro banho para purificar corpo e alma. Liguei meu rádio de pilha para ouvir as novidades de nosso show. Corremos para pegar o busão, já estávamos bastante atrasados para a faculdade. Acho que mais uma falta e ambos estaríamos reprovados em Anatomia...

Ass.: Mattüs 