domingo, 9 de maio de 2010

Amor Incondicional e Demências Sexuais


Essa é a história de Karina e Marcos, o casal como muitos outros que avisto passando felizes por minha janela. E, como hoje é domingo, vamos começar por um momento depois do sexo de um sábado nublado:
- Acho que depois de hoje, não nos manteremos os mesmos. Isso não vai continuar assim, Karina!
- O Que houve amor? Exclamou assustada.
- Você quer casar comigo?
É óbvio que as lágrimas vertiam com um “sim” intenso e firme. Sabemos que apesar de toda a alegria, o pensamento em futuros matrimônio, confunde bastante os noivos. Nunca se pensa em coisas como bafo, filhos e obesidade pós núpcias. Movidos por um intenso desejo de seguir seu ciclo vital, os animais superam tudo, para não acabarem sozinhos nas sarjetas do universo. Começando a semana, marcos seguia para seu emprego no banco e Karina, tinha um rumo bem peculiar para o quartel, a carreira na policia era seu sonho de infância, influenciada por um falecido pai, servidor da ditadura. Opostos profissionais que levavam o casal a rir com a paz e turbulências de seus empregos: amar o dinheiro (nem que seja o dos outros) e estourar miolos criminosos, quase que por prazer.
Quase toda noite, Marcos ia jantar na casa da noiva. Era tido como um bom sujeito, os pais de Karina era semimudos e aceitavam o relacionamento bem, ficaram contentes até, quando souberam do noivado. Depois do jantar, era comum colocar algum vinil de rock nacional na sala e fazer planos sobre uma casa no subúrbio e quantos filhos deveriam ter. Lembravam do primeiro encontro no parque, amigos em comum, e um beijo roubado que quase fez o bom moço tomar um murro da mulher de farda. Saindo as pressas, um dia marcos esqueceu o celular na varanda. Karina não quis demonstrar a doença dos ciúmes, mas poucos minutos depois da saída de seu amor. O aparelho vibrou anunciando mensagem recebida. Olhou pela tela e viu que o remetente era de uma certa Laura, a curiosidade venceu.
“Marquinhos, o exame saiu hoje e deu positivo. Estou desesperada, acho bom você fazer o seu também, sinto muito!”.
Como todo bom sonho, tudo acabou na mente de Karina. Quase cinco anos de bons momentos desmoronaram... Ficou em sua cabeça um único pensamento de decepção:
-Vou matá-lo!
Chorou bastante, mas o ódio não a deixava desabar. No dia seguinte, fingiu que nada havia acontecido. Aguardaria a hora certa, no dia seguinte quando voltou do quartel soube que marcos havia passado em sua casa para pegar o celular e que só voltaria no dia seguinte. Tentou ligar, mas o aparelho estava desligado. E isso se prosseguiu por dois ou três dias. O tormento fez Karina usar métodos plausíveis de amparo a dor: começou a esvaziar o bar da casa e afirmou doença no trabalho. Três dias na fossa, entre as doses tentava ligar e nunca recebia retorno, até que tentou o residencial e ficou espantada quando soube de sua sogra que Marcos não aparecia em casa desde a noite em que havia pegado o celular.

Seus pais acharam estranho a filha sempre trancada no quarto. O pai sentiu falta de duas ou três garrafas. Pensou que a filha uma hora explicaria tudo em algum momento propício, pela ausência de Marcos, realmente cogitaram o fim do romance, mas o silêncio era a melhor cura para todo o mal.
Até que no quinto dia, perto das 23 horas, o celular de Karina tocou e era quem ela queria:
- Karina, nós precisamos conversar!
- Claro amor! Estou com viatura em casa, onde te pego?
- Na entrada da cidade, perto do orquidário municipal...
- Tá certo! Beijão!
E ele estava lá na hora marcada, subiu no carro e Karina começou a dirigir para fora da cidade. E marcos começou a soltar em tom de dor:
- Algo grave aconteceu amor... Algo que acho que não vai manter as coisas como eram.
Karina encostou o carro e começou a chorar com rosto totalmente sério e olhando nos olhos de seu odiado ex amado:
- Karina há alguns meses eu conheci uma mulher e...
Ela sacou o revólver e o apontou para a cabeça de Marcos, que ficou petrificado com a cena:
- Qual o resultado do seu exame?
- Eh... Ehh...
- Fala, seu filho da puta!
- Deu positivo!
O Silenciador abafou o estrondo, mas o sangue espirrou na face da moça de coração partido. Sangue e morte misturados a lágrimas: era isso que seu futuro matrimônio havia lhe rendido. Marcos caiu quase que pendendo para o lado do motorista e com a cabeça bateu no toca fitas que ligou na rádio. Tocava uma música de amor universal, a canção tema do filme Ghost. Karina encostou a cabeça no volante com choro e gritos. Isso durou quase uma hora, até a decisão aparecer. Ajeitou o corpo no banco do passageiro e pôs o cinto de segurança para ele não cair, percebeu que havia uma garrafa metálica no bolso da calça, abriu e tomou um gole daquele uísque vagabundo. Conhecia aquela estrada bem, já havia feito patrulhas nas redondezas. Reclinou completamente o seu banco e ligou o motor. Existia pelo menos oito quilômetros em linha reta. Pisou fundo até chegar a uns 160 km/h. Ouviu na rádio que a música mais votada da noite seria repetida, e de novo tínhamos aquela canção. Soltou o volante, deitou no banco e fechou os olhos. Apreciou bem a canção...

Obs.: Os portadores de quaisquer patologias merecem respeito, doenças não tiram a igualdade entre os seres. Você se sente saudável? Achar a vida em Sociedade normal é a prova de que você sofre de um mal incurável, chamado "estupidez crônica".

ass.: Mattüs

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