terça-feira, 4 de agosto de 2009
Gore Gore Love
Eu realmente estava metido num grande problema, o nervosismo a flor da pele e somente quando eu abria o freezer e olhava dentro de seus olhinhos cristalizados, eu conseguia sentir alguma paz. Era incrível como uma simples discussão havia ganhado níveis tão horripilantes: Jenifer tentou acabar nosso relacionamento algumas vezes, mas sempre havíamos voltado. Só que dessa vez foi terrivel, ela nunca comentou tal assunto comigo bêbado. Eu lembro de estar na pia e lavando minha faca de estimação, quando ela falou que queria dar um tempo, isso soou como uma pancada no juízo. Enfiei a faca em seu umbigo, seccionando até as costelas e livrando sua boca de escândalos com a mão. Pressionei-a contra a parede até que parasse de se remexer. Olhei profundo em seus olhos e dei-lhe um beijo. Quando puxei a lâmina, ela estava coberta de vermelho profundo com pequenos retalhos de vísceras. Estirei seu corpo no chão, tirei sua blusa e limpei seu sangue com o pano de chão. Eu queria dar-lhe um bom banho, mas o desespero virou preguiça. Achei agulha e linha, fui costurando sua barriga entre um gole e outro de uísque e com um santo espírito de açougueiro que tenho, atirei seu cadáver no freezer, e por culpa de minha maldita ignorância, alguns pontos estouraram deixando escorrer mais sangue, mas quer saber? Que se foda!
Pensei em necrofilia, mas até grandes diversões como essas perdiam espaço para o meu clima de nervoso, apenas o álcool amenizava minha preocupação. Liguei o rádio e adormeci ouvindo denúncias sobre algum maníaco agindo na cidade. Particularmente, achava os outros assassinos panacas, era como se eu sempre estivesse agindo certo e eles errado. Eu sempre me sentia uma pessoa boa. Agora olho para sua face congelada e percebo que ela era diferente das outras. Lavava e cozinhava muito bem, resumindo: uma mocinha prendada. Desliguei o freezer por algumas horas, enquanto emborcava algumas doses, quando notei que já estava descongelada, enrolei seu corpo em toalhas secas que logo ficaram ensopadas, pelo menos seu sangue já havia coagulado. Coloquei o cadáver na mala e saí para procurar algum belo lugar para atirá-la. Achei um ótimo aterro sanitário e com cuidado larguei seu corpo. No retorno, comprei uma boa vodka e virei mais alguns goles dirigindo. Em casa, bebi um pouco mais e com a ajuda de meus santos remedinhos, consegui dormir...
No dia seguinte, fiquei atento ao rádio e logo ouvi a notícia de que o corpo de uma jovem de cabelos longos, pele clara e com aparência de 25 anos havia sido encontrado com uma grande perfuração na barriga. Bom, uma parte da história já havia sido resolvida, o que eu não esperava que acontecesse era que as autoridades atribuiriam sua morte ao matadorzinho babaca da cidade. Teria eu cometido o crime perfeito? Realmente não esperava por essa... Morri de rir ouvindo isso. E para minha surpresa, um tio de Jennifer apareceu para bancar o enterro. Apareci com uma cara de ressaca dos infernos, aos poucos fui me aproximando do caixão, e mediante as malditas condolências, finalmente pude avistar seu rosto: Meu Deu$!!! Ela estava linda! Parecia um anjo iluminado, fiquei pasmado diante do corpo, e quando dei por consciência da realidade, percebi o inevitável: eu estava novamente apaixonado!
Não consegui sair de perto do corpo um instante sequer, ficava admirando meu amor (que sem querer te ofender, Jenifer, mas você nunca esteve tão bem vestida como neste grandioso dia). Na hora de fecharem o caixão, beijei sua testa e senti seu doce perfume. Voltei para casa, comecei a terminar a vodka... Pensamentos belos invadiam minha mente, ela estava perfeita, parecia o dia em que nos conhecemos, lembrava como hoje: o momento em que ela subiu em minha mesa e enfiei uma nota em sua calcinha. Tentei esquece-la, mas juro que não consegui. À noite dei umas voltas de carro, eu já estava bem alto pelo consumo de álcool. Eu não sabia direito o que fazer, mas sabia para onde ir, rumei para o cemitério e como já passava da meia-noite estava deserto. Era uma necrópole bem simples, covas rasas e um pouco afastado da cidade, realmente um lugar para indigentes, não acreditava que meu amor estava enterrada em tal lixo. Passei uma hora olhando sua cova: algumas flores murchas e uma cruz de madeira com seu nome na vertical e nascimento e morte na horizontal. Haha... A morte estava dois dias atrasada, colocaram a data em que acharam o corpo. Pensei bastante no que fazer, minha cerveja estava quente e atirei a garrafa ao longe. Creio que quando se tem idéias duvidosas, para não ficar pelo “talvez” é melhor arriscar. E eu precisava de meu amor novamente ao meu lado, agora tudo seria diferente: eu prometo limpar e lavar tudo e levar até café na cama para minha querida! Caminhei de volta ao carro ansioso para voltar ter minha namorada de volta e grandes emoções estavam por vir, pois ao abrir a mala, lá estava minha velha pá...
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Mto bem escrito... =)
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