terça-feira, 4 de agosto de 2009

Santo Cristo’s Massacreland


Era inacreditável presenciar tamanha violência: em pleno meio-dia, mulheres e crianças sendo estupradas, mortas e estupradas novamente. Sanguinários ritos de vingança eram declamados a cada tiro. E aos atingidos, só restava cambalear, quase que dançando, ao ritmo psicodélico das balas. Um rio de sangue agora cruzava o centro da cidade, todos os homens foram degolados em frente às sobras da Igreja de Santo Cristo, templo este em ruínas, deixada por antigos catequistas desaparecidos. Seus corpos eram dados aos demais prisioneiros como único alimento, e para os dias de escassez: baldes de fezes eram largados aos famintos. A velha delegacia estava lotada de prisioneiros. Verdadeiros currais humanos eram montados nas redondezas para abrigar as vítimas de uma sanguinária vingança.
Santo Cristo era um paraíso tropical, escondido em colinas de fronteira com a Colômbia e habitado por estranhos aborígenes descendentes da lendária tribo Adidas. Em questão de horas, todos os moradores da aldeia estavam vagando nômades, insustamente expulsos por estranhos brancos portando TVs coloridas e grandes livros com uma cruz estampada na capa. Alguns foram abduzidos pelos colonizadores, pois ao olharem para a grande caixa e presenciarem um estranho símbolo redondo fazer “Plim Plim!”, tornaram-se zumbis. Todo um tradicionalismo cristão chegou às terras que antes eram paraísos de escatológicas felicidades. E sabemos muito bem, que onde tal praga chega, a destruição é eminente. Mas ainda havia alguma gota de esperança...
Alguns anos após a invasão, ao trabalhar no velho moinho, o pastor Reis avistou uma tropa imensa de aborígenes e pensou em dar o aviso de alerta, sendo este seu ultimo pensamento, pois ao virar-se, teve sua cabeça aberta por uma machadinha. Era fim de tarde, todos estavam recolhidos em suas casas e ao sentir o cheiro de queimado foram para as ruas e avistaram o pesadelo: a linda Igreja local estava ardendo em chamas e alguns homens já estavam caídos ao chão. A cidade toda se amontoou na frente da igreja com baldes d’água, na esperança de Deu$ não ficar sem casa. Um desespero tomava conta dos fiéis, e tal sentimento só aumentou, quando avistaram ao longe um homem cambaleando: era o professor Richard, com manchas de sangue pelo corpo. Caiu aos pés da multidão tento como último suspiro quase que profético:
- Eles voltaram...
E ditas essas palavras, um homem gritou e caiu agonizando. Ao virar seu corpo, percebeu-se que era o delegado Roy, o homem que detinha todo o poder bélico local e assim mantinha a divina paz. Ao se prestar atenção em seu pescoço, um pequeno dardo estava cravado em sua jugular. O pavor foi gerado, afinal a maioria das armas locais estavam trancafiadas na delegacia. Em poucos anos de colonização, nunca se houve necessidade de usá-las, afinal todos tinham Deus em seus corações e não precisavam usar de violência em seus problemas, a não ser que o problema envolvesse “irmãos” de cores distintas. E assim, começaram os gritos, vinham do nada e clamavam por perdão. O grupo estava temeroso... Seria o apocalipse? Para eles, talvez. E ao ver a pequena Mag, apontar ao horizonte, a senhora Morrison conseguiu gritar antes de desmaiar, e todos sentiram as espinhas gelarem, pois na direção que a mocinha apontava, uma tropa gigantesca caminhava tranquilamente...
A vingança estava nos olhos dos Adidas, a frente do esquadrão vinha o chefe: trajava estranhos sapatos e berbuda com o logo da tribo, um charuto na boca, e uma metralhadora nas mãos. Todos, os outros usavam o mesmo uniforme e inseridos no meio do grupo estavam os falsos zombificados, que na verdade, eram informantes disfarçados. Através de um feitiço shaman telepático conhecido como “TIM Torpedo”, os informantes enviaram toda rotina e pontos estratégicos do povoado, sendo tramada uma operação de invasão digna de filmes holywoodianos sobre as tropas especiais da policia militar do Rio de Janeiro.
Todos estavam cercados, os mais egoístas pensavam no futuro de suas vidas, aos sensatos, martelavam em suas cabeças os pecados do passado. Mulheres e crianças foram separadas dos homens, que nem precisaram ser movidos, apenas ajoelhados, fuzilados e decapitados. Restava aos frágeis sobreviventes aguardar suas penosas mortes. Ao indagar com a tribo Adidas porque havia se tornado tão feroz, a esposa do prefeito teve suas respostas (antes de ter a cabeça estourada por uma metranca): ao serem expulsos da terra, encontraram um bom senhor chamado Escobar, que em troca de trabalhos agrícolas em suas plantações de coca, lhes forneceu armas e tênis mágicos que lhes daria toda força que precisavam.
Cara a cara com a Morte, os colonizadores perceberam que o mal havia possuído a tribo, pois em seus sapatos estava cravada a marca do demônio: Made in USA.
Com o passar dos dias, os soldados aborígenes retiravam algumas das damas mais belas e as lançavam nas ruas para os mais brutais estupros, e para os idosos tarados da tribo restava a deliciosa necrofilia. E acabando o estoque feminino, as crianças entravam na jogada.
De fome nem os prisioneiros morreriam, pois a carne era abundante. Gargalhadas eram emitidas pelo pajé Adidas ao ver uma criança devorando os cadáveres papai e mamãe com a voracidade de um peru de natal. A tal história dos baldes de fezes era só uma pequena humilhação que talvez refletisse ao ódio sentido durante anos.
Com a retomada da terra, os Adidas estavam satisfeitos, e agora faziam uma grande comemoração. Faziam suas danças pagãs em frente a uma recém construída estátua do Sr.Escobar (que em breve, chegaria para visitar o território e presentear a vitória aborígene com seu pó mágico). Todos bailavam, bebiam e devoravam seus espetinhos humanos. Percebiam-se em frente aos restos da igreja, alguns empalados como símbolo de poder... E agora a festa estaria no seu grande momento, pois as crianças, que haviam restado como prisioneiras, caminhavam chorosas para suas respectivas forcas...

Ass.: Pajé Mattüs Adidas

Nenhum comentário:

Postar um comentário