quarta-feira, 15 de julho de 2009
Histórias Pra Belzebu Dormir
Parte I: O Porteiro
Deve-se imaginar uma cidade pacata, daquelas em que sorrisos vazios são seguidos de um “Bom Dia!” ético. E, logo, naquele morro onde todos dizem ser mal assombrado, está o morgue “São Cordeiro”, mais um daqueles necrotérios em que no mais árduo dia de sol, nuvens escuras e raios sempre estão estáticos em cima de tal velharia. Construído no Brasil colônia, foi inaugurado pelo próprio Getúlio Vargas, como sendo o necrotério mais moderno da América Latina. Hoje, não passava de um prédio podre, com musgo fresco crescendo em seus muros e portas de madeira enegrecida pelo tempo. Ao abrir a porta, dá-se de cara com uma pequena escrivaninha, dotada de alguns papéis desorganizados e habitada por Frederick, sujeitinho careca de pouco mais de 1,70 e possuidor das mais terríveis verrugas na cara. Tais pontinhos pretos pareciam escorrer pus, mas em questão de segundos, Fred passava sua mão suja em cima para limpar os excessos. Seus olhos esbranquiçados não expressavam sentimentos (nada mais conveniente do que ter olhos sem vida em um necrotério). Ele costumava sempre deixar a porta aberta para avistar a cidade, apesar do caos urbano não ser nada atrativo para sua pessoa. Rapidamente, em um impulso quase que automático, apoiava seu cotovelo sobre a mesa e encostava sua mão na boca, com a palma apoiada no queixo e os dedos tocando os lábios. Sempre que se sentia só, e estava em tal posição, começava a lamber a ponta de seus dedos. De longe você perceberia que os dedos estavam com um liquidozinho amarelado nas pontas. Era engraçado imaginar que a solução para a solidão de Fred era comer o próprio pus.
Era mais uma manhã de segunda e, enquanto o Doutor não aparecia, Fred desfrutava das mais belas mulheres em revistas com páginas coladas na gaveta da escrivaninha, uma punhetinha antes do expediente o ajudaria a aturar mais um dia de trabalho enfadonho, e ao terminar seu serviço matinal, voltava à mesma posição e hábitos, o que nos faz crer que além de pus, ele degustava outras iguarias. Sua família se resumia as baratas que empesteavam seu quarto 2 x 3 nos fundos.
Sentiu vontade de erguer-se e foi até a porta, viu o jardim cheio de ervas daninhas, a morte havia dominado as belas roseiras que um dia foram cheiradas por Vargas. E ao longe, percebeu uma triste figura a caminhar aos portões do estabelecimento. Com um sinal, acenou que bastava puxar o ferrolho que o portão se abriria, e ela o fez... Aproximou-se uma senhora de pele pálida e com profundas olheiras, e depois de segundos parada na frente de Fred soltou em voz resmungativa:
- Vim pegar o atestado de óbito de meu marido!
Ele entrou e acenou com a mão que ela entrasse sem dizer uma palavra, sentou-se em seu altar burocrático e começou a mexer nos papéis em sua mesa, em um breve momento a senhora já estava sentada em sua frente. Ele a olhou brevemente nos olhos e finalmente apareceram suas primeiras palavras:
- Eu iria pedir que se sentasse, mas pelo que vejo, com a senhora não existem cerimônias.
E ela não deixou barato:
- Estou surpresa! Jamais esperaria tanta educação de um escroto como você...
Com tal comentário, foi automática para boca de Fred, a feliz expressão:
- Puta!
E começa a partida:
- Pelo menos tenho bom gosto para fuder! Sua mãe é que deve ser mais bizarra, pra colocar no mundo uma criatura tão podre como você! Me entregue logo essa bosta de atestado que preciso ir...
Fred se levantou e foi até atrás da porta onde abriu um arquivo e de lá puxou uma pasta com um nome escrito:
- Everaldo Oliveira?
- É! Me dê logo isso!
Ele estendeu sua mão e entregou a senhora que logo, pôs-se de pé:
- Agora vaza daqui, estou muito ocupado pra perder mais tempo com você!
- E se eu não for? O Machão ai vai fazer o que?
E com um simples passo a frente, Fred a encurralou entre ele e a escrivaninha, segurou-a pelos braços e deu-lhe um beijo. Ela não teve reação agressiva e simplesmente ficou imóvel. Dessa forma, foi descendo rapidamente as mãos por sua cintura e deslocou-as para a bunda. Eram nádegas até que bem torneadas para uma velha tão acabada. E o beijo seguia longo, línguas em movimentos rígidos e contínuos por dentes podres. Logo, sentiu seu pau levantar e não resistiu em dirigir sua mão direita para o frontal. Ergueu seu velho vestido para que a mão penetrasse na carne, foi sentindo suas coxas, e finalmente, seu ao seu objetivo. Puxou sua calcinha lateralmente, e massageou, lentamente, seu clitóris. Sentiu-se bem, sentiu-se em um mórbido paraíso, e quase viu Deus, quando notou lindos nódulos molhadinhos. Ela também tinha verrugas e logo, em uma parte tão sutil. Ele associou as que possuía na cara e começou a sentir algo especial, algo de bom brotou dentro de sua perturbada caveira, sentiu por um instante que eram almas gêmeas. Sua amada permanecia imóvel, somente a trabalhar os lábios e língua na boca quase desdentada de nosso herói... Porém, ao descer o dedo do meio pelas barbatanas genitais e enfiá-lo dentro de sua xota, ela puxou a cabeça para trás e libertou o que realmente estava sentindo:
- Sua boca tem gosto de Porra!
Fred voltou o passo que havia dado e um pouco que ofegante, simplesmente apontou para a entrada. Ela caminhou com um sorriso humilhante e dede leve deu uma puxadinha para que a calcinha voltasse ao seu lugar de origem e com sua figura sumindo na escadaria. Fred também voltou a sua origem, e baixou a cabeça para pensar no ocorrido. Imaginou que por um instante, pudesse ter um êxtase sexual que havia esquecido com os anos, porém aquilo havia servido para colocá-lo em seu status real de fracassado. Subiu a vista e o ar de rotina havia voltado ao lugar, pois na porta e de olhar fixo em sua pessoa estava seu anti-herói, seu algoz ou simplesmente a encarnação de sua realidade. Finalmente, Dr. Higor havia chegado...
Parte II: Dr. Higor Wolf, o Póstumo...
Ele caminhava com seus passos curtos, quase como se estivesse acompanhando um funeral, segurando uma maleta de couro e seu surrado jaleco. Parou de costas para a escadaria e olhou para os jardins, que pareciam cultivar o desespero. De alguma forma a presença de vida naquele local o incomodava. As ervas daninhas deveriam ser sempre arrancadas, para fazer desaparecer o clima bucólico do local. Sentiu os passos descendo as escadas, curvou um pouco a cabeça e ignorou aquela presença que se esvaía rapidamente. Pouco importava quem fosse, o que importava era não sujar sua vista com mais um ser vivente. Esperou o barulho do portão fechando e subiu as escadas, ao adentrar deu de cara com Fred meio desnorteado se ajeitando em sua cadeira e depois avistando seus olhos. A presença de Frederick não o incomodava, afinal a vida já havia abandonado aquela triste figura há anos. Seguiu em direção ao pequeno corredor ao lado da escrivaninha, e simplesmente ouviu um sussurro zombificado:
- Chegaram três...
E sem qualquer manifestação de atenção, seguiu em frente para sua sala... Ao abrir a porta, sentiu o cheiro de mofo ambiente misturado aos velhos odores mortuários. Uma sala quatro por quatro, com todos os adereços forenses: uma grande estante com várias gavetas, bisturis em cima do criado mudo e vários papéis espalhados no recinto. Avistou a maca em frente com mais uma pobre alma empacotada num lençol. Sentia preguiça, estava fatigado e foi até a estante abrindo uma gaveta. Na volta, empurrando um pouco os bisturis e demais adereços, colocou a peça fundamental para iniciar seu trabalho: uma garrafa de vodka...
Emborcando a primeira dose para despertar, ligou seu gravador e decidiu começar seu trabalho, ao levantar o lençol, sua frieza sarcástica:
- Bom Dia!
Não se imaginava tanta frieza do jovem Higor, garoto que criado por seu avô, adorava histórias de guerra. Passou em medicina, e não teve ninguém para assistir sua formatura. Nunca teve ninguém, sempre sozinho e de poucas palavras e na medicina legal, encontrou paz, pois seus pacientes não se queixavam. Sua vida era dedicada a São Cordeiro, lugar onde se sentia tranqüilo, livre da estupidez dos vivos, e sendo um agente mortuário sagaz.
Começou seus relatórios de áudio:
- A paciente apresenta queimadura de terceiro grau na parte frontal da região craniana, necessitando análise arcada dentária. Existem também perfurações no torso inferior e alguns hematomas no pescoço, indicando tentativa de asfixia.
Desligou seu gravador, e atacou seu remédio etílico. Colocou sua dose e encostou-se na parede ao lado do corpo nu de sua frígida adúltera para suas próximas análises. Apreciava aquele cadáver desfigurado com a beleza de uma paisagem. Serviu-se de mais uma dose. Observava o cadáver com mais interesse, notando coxas roliças, até que bem torneadas. Notava seios firmes com bicos rosadinhos. E por fim uma xana raspadinha com um clitóris bem para dentro, murchinho, volupsuoso... Observou o laudo policial e viu Sharlene Goethe, vitima de um marido enciumado. E indagou ao nada:
- Gostava de pular a cerca não é safadinha?
Dr. Higor estava ébrio, sentia o etanol circular em suas veias, continuava sempre no mesmo movimento de encher seu copo e voltar à apreciação, porém na penúltima dose, esbarrou na cama e num movimento inesperado a mão de Sharlene fez um estirou-se para fora da maca. E sem pensar, Higor abriu sua braguilha, desceu seu zíper e expôs seu pau. Estava ereto até que demais para um bêbado, e ele sabia muito bem o que queria com aquela inocente mocinha. Pela rigidez cadavérica, os dedos ficaram que fechando sua mão, formando o encaixe perfeito. O doutor enfiou seu pênis naquela brecha, sentia aqueles dedos frios tocando seu membro e com sua mão direita sobre a do cadáver apertou os dedos formando um orifício manual. Metia, fodia, entrava e saia sem pena alguma. Tudo em um ritmo de silêncio fúnebre para não despertar a curiosidade de Fred. Sentia mais tesão ao tocar seus seios com a mão que lhe sobrava..Era incrível como aquele buraco frio lhe dava tanto prazer. E, no fim de seu póstumo coito, ejaculou dentro de seu genital improvisado, dispersando o sêmen na palma da mão de sua necrótica ninfa. Alcançou uma flanela com gomos de sangue seco e limpou todos os seus filhos.
Decidiu emborcar a ultima dose e voltar ao trabalho. Enfiou o dedo na garganta e vomitou tudo em uma pia imunda. Sentir o completo efeito do álcool atrapalharia seu longo trabalho, que precisava ser entregue em breve. Sentou-se um pouco para repousar, mas percebeu que seu trabalho precisava ser acabado. Ficou de pé, finalmente passava o efeito de seu paraíso artificial, começava a prestar melhor atenção ao ambiente, quando notou um ruído estranho. Procurou ao seu redor de onde vinha e meio que desnorteado, percebeu que seu gravador estava ligado. A fita estava quase no fim. Ficou sem saber o pensar, sabia que o havia desligado e então decidiu ouvir a fita. Finalmente, sua face ganhava uma expressão de vida, porém uma expressão de pavor, pois no meio da gravação, ouviam-se os prazerosos gemidos de uma mulher...
Parte III : Toninho, Enterrar para Viver
E adentrando ao pequeno corredor, podia-se avistar uma pequena porta ao fim. Com uma girada na maçaneta, conseguíamos ver uma pequena escadaria de uns 13 degraus e um grande terreno de matos crescentes e com uma velha habitação um pouco afastada. Nesse imenso quintal tínhamos cerca de 20 cruzes: era o espaço reservado aos indigentes...
Colado ao imenso muro, nosso novo cômodo era uma espécie de quarto muito pequeno, com aparência repugnante: as manchas de terra vermelha já haviam repintado as paredes do recinto. Tais cruzes possuíam pequenos escritos, alguns números que remetiam às fichas de obituário dos habitantes da pequena necrópole. A paz pairava sobre o ar úmido, e adentrando a terra, os viscosos vermes faziam seu banquete. Penetravam incessantemente a carne, sedentos pela putrefação humana. Milhares de pequenas criaturas expurgadas por todos os orifícios, servindo de agentes mortuários e vingando a natureza contra a brutalidade de um câncer chamado humanidade.
De longe soava alguma música baixa vinda do quarto e de súbito a porta se abriu: uma figura de uns dois metros, com longos cabelos laterais (a calvície havia corroído a parte superior) e barba por fazer. Toninho era o encarregado de enviar os homens de volta ao barro. Penetrando em seu lar, poderíamos notar um velho colchão no chão, algumas garrafas lançadas num canto escuro, uma vitrola velha, que agora deu pra perceber que tocava Vicente Celestino, e duas prateleiras com alguns potes de diversos tamanhos e formas. Caminhava em círculos pelo local procurando pedaços de cruzes velhas e foi juntando tudo próximo ao seu lar. Uma pequena pilha de madeira e papéis velhos foi criada. Para finalizar, uma das cruzes novinhas foi arrancada sem pena e jogada no meio do amontoado, com um ignorante comentário ao ar:
- Depois te devolvo! 704!
Entrou em seu cômodo, trouxe uma velha frigideira engordurada e um dos potes. Fez força e não conseguiu de primeira, somente quando utilizou sua camiseta sobre a tampa, lentamente o pote foi se abrindo e quando cometida tal ação, um cheiro de podre tomou o ar. Simplesmente virou o pote na frigideira e lá se estirou a merenda do dia: um pênis apodrescente com alguns inocentes vermes tentando fuga. Rapidamente acendeu um cigarro e o palito foi usado para iniciar as chamas. E a panela foi colocada com cuidado sobre a pequena fogueira. Os anelídeos se retorciam todos sentindo o inferno em suas rugosas peles. Enquanto isso, nosso carrasco correu para seu lar. Por dentro, uma pequena lâmpada dava uma luminosidade mínima e perto das garrafas apanhou um pequeno vasilhame e um garfo. Colocado próximo a um pequeno retrato, quase que invisível, de sua família reunida no velho açougue que possuíam. E por um momento lembrou-se do passado: infância feliz, chacinas por dívidas, o fechamento de seu meio de vida e pensamos que não se deve entrar em mais detalhes, afinal o Sr. Antonio Siqueira não gosta de comentários sobre o assunto...
Voltou rapidamente, e com o garfo, deu uma virada em sua calabresa humana rodeada de pequenos pontinhos pretos que um dia tinham corroído seu alimento. Preparado o assado, cortou em pequenas rodelas e derramou o conteúdo de seu pote sobre a fritura, era farinha. Mexeu bem, e estava preparado seu saboroso tira-gosto. Tirou do bolso uma pequena garrafa de conteúdo etílico e tomou sua primeira dose metendo a mão numa das rodelas. Sentou-se olhando para as cruzes e isso também lhe trazia lembranças tristes. De alguma forma sentia mágoas olhando aqueles símbolos da morte. Lembrava de pessoas, de decepções e que com o que havia vivido só lhe restava a lição de que Seja em Vida ou em Morte: Tudo Estava Apodrecendo!
Essa era a grande reflexão de mais um escravo do necrotério, mas uma alma apodrecendo em vida, mais um agente mortuário, mais um infeliz... Bem, mais uma dose e uma rodela...
Parte IV: Libido Mortiius
Ela não queria, mas precisou voltar... Superaria a carne a linha entre os mundos? Não sabemos! Mas ela estava lá. De pé no corredor, caminhando carente em passos desconexos. Indo até a última porta antes dos fundos. Andava como se não existissem barreiras e como a porta estava entreaberta adentrou ao quarto batendo de cara com nosso legista deitado e atordoado entre os efeitos de sua embriaguez. Dr.Wolff estava deitado na pequena cama que pertencia a Fred, costumava curar suas ressacas deitado lá. Frederick odiava o cheiro de álcool que sempre ficava em seu humilde quarto, porém contestar o doutor seria sua demissão. Ao abrir os olhos, simplesmente, se deparou com sua paciente caindo como uma parede sobre seu corpo, seus movimentos eram lerdos e havia sangue coagulado por todo caminho deixado no corredor até a cama. Achou melhor imaginar que tudo não passasse de um sonho etílico, e beijou aquela arcada sanguinolenta com voracidade. Agora ele a possuiria totalmente, não importava se em seu corpo prevalecia a vida ou a morte, a idéia de uma musa perfeita com curtas lineares, lembravam-no de quaisquer criatura que fosse bela e assim decidiu ir fundo em sua tara necrófila (ou não).
Mãos descendo e um sarro perfeito acontecendo. Passeava os dedos pelos buracos de facadas, sentia o gosto de sangue podre em sua boca e mesmo assim, aquele beijo não cessava, e ia ganhando voracidades pelo pescoço e orelhas, beijava aquela carcaça como se estivesse enfeitiçado pela morte. E sendo “la muerte” sua vida, aquela ninfa representava tudo o que ele teve durante sua existência. Com o arreio das calças, seu pênis se encaixou direitinho dentro da vagina de Sharlene e todo aquele sangue que escorria dentro de nossa morta-viva parecia servir de lubrificante para o ato. Shar praticamente não se mexia, não nem gemia, nem falava, somente observava a face de Higor e o beijava com certa freneticidade zumbi. Higor não parava: seus movimentos rígidos e contínuos quase que perfuravam o útero alheio. E na primeira gozada nem pensou em parar continuava bastante excitado para um bêbado terminal. Continuava... Metia chupando seu pescoço, metia provando o sabor sanguíneo da língua feminina.
De repente, na pequena janela ouviam-se pingos fortes, chuva forte havia chegado, dando até pra ouvir algum palavrão de Toninho que havia acabado de encerrar suas comemorações graças ao mijo de Deu$. Dr. Wolff pouco se importava com tudo isso, simplesmente precisava sentir os prazeres da embriaguez misturados ao sexo, era a melhor coisa que já havia sentido na vida. E Shar, debilmente, apreciava seu novo amor post-mortem. O doutor passou a meter mais devagar, parecendo sentir que o efeito do álcool passava, passando a prestar mais atenção na cena que se passava, porém sem nem pensar em parar com a experiência. A chuva havia piorado, um dilúvio parecia acontecer. E, mesmo com o forte barulho da chuva, ele começou a ouvir gritos de terror, gritos fortes de desespero. Ora, a cidade não ficava tão distante de São Cordeiro, porém gritos assim eram muito próximos. Bom: Foder, transar, trepar e foder... Gritos Alheios?Fodam-se!
E tudo continuava forte, caliente, até que de supetão a porta se abre, lá estava Frederick todo molhado e, por incrível que pareça, com uma cara de vivo. Travado como estátua e segurando com tremor a maçaneta: estava aterrorizado e todo molhado. Wolff o observou nos olhos por poucos segundos e pode perceber que algo estava errado ali, talvez agora o álcool já tivesse se esvaído no suor de seu prazer. Porém, antes que Fred pudesse pronunciar alguma palavra, alguém o agarrou, empurrando-o para o fim do corredor e batendo com bastante força a porta, fazendo com que a parte interior da maçaneta caísse no chão do quarto. Com isso, o terror já havia se transferido aos olhos de Higor. Principalmente quando sentiu que a mordida de amor em seu pescoço havia se tornado voraz...
Histórias para Belzebu Dormir
Parte V: Versus para o Fim (O Bocejo de Belzebu)
Humanos Temem a Morte
Rezam para Deu$ e a Sorte
E todos Gritavam para Louvar
Mas dos céus, ele fingia não escutar...
E no Inferno alguém escutou
Ouço Bocejos... Ele acordou!
Um Banho de sangue em terra moribunda
Com todos os Mortos saindo das Tumbas...
A Morte renovando incessantemente a Natureza!
Histórias Para Belzebu Dormir
Parte VI: Grind Finalle
Pra quê esperança? Qual o significado de adiar o inevitável? Bom, o fim de Fred pouco importava, mas para Dr. Wolff, uma singela luta era travada no quarto em busca de um adiamento. A cada empurrão, a cada soco, Sharlene parecia avançar com mais sede de sangue. Ela parecia precisar do sangue de Higor para continuar viva (ou morta?), pois tais pancadas arrancavam seus dentes, e em um vacilo de sua preza, atacou seu braço arrancando algum pequeno pedaço e deixando partes de sua preciosa arcada cravada no doutor. Higor já não sabia mover mais forças, o desespero aumentava ao ver a porta trancada pelo desleixe de Fred (que poderia morrer pelo menos dando esperanças a seu chefe e íntimo antagonista). E por alguns instantes, o fato de suas calças ainda estarem arriadas, lhe causava vergonha.
A luta continuava nos empates: um soco ou empurrão e Shar ia parar caída do outro lado do quarto, mas vagarosamente se levantava para um novo ataque, enquanto isso Dr. Wolff tentava de toda forma arrombar a porta e, finalmente, conseguiu subir suas calças. Num novo ataque, a mordida foi próxima ao “beijinho” no pescoço, o que só aumentou desgraçosamente a dor. Higor tentou afastar a boca de Shar com as mãos, resultando numa situação em que ambas as mãos estavam em sentidos opostos na boca de seu ex-amor. Uma segurava a parte interior e vice-versa. Uniu suas últimas forças, talvez alguma sobra de inútil esperança, e de um golpe arrancou sua mandíbula, Shar caiu se debatendo de alguma suposta dor ou incomodo de não poder dar mais seus suculentos beijos...
Com sua amada em estado de “convulsão post-mortem”, Higor conseguiu arrombar a porta e se dirigir a sua sala. Ainda estava meio cambaleante pelos ferimentos quando conseguiu pegar sua velha arma. Percebeu pelo corredor, dois rastros de sangue: um provavelmente de Sharlene, pois o sangue estava coagulado, e outro caminho que partia de sua sala para os fundos do necrotério. Esse segundo era denso e fresco, provavelmente, Fred havia sido trucidado por algum amiguinho de sua necrótica musa. Foi para frente e viu a paisagem do inferno na terra: cadáveres eram avistados por todo o caminho, alguns estavam rodeados por mortos-vivos se banqueteando ferozmente. A cidade estava com alguns focos de incêndio que nem o temporal conseguiu apagar. A dor pairava na paisagem urbana, os velhos habitantes voltaram para uma revanche contra os vivos...
Higor ficou lá pasmado: ao longe reconheceu até um de seus clientes a beira do portão: o senhor Everaldo Oliveira estava de pé e com olhos fixos em seu santo doutor, e creio que louco para apertar sua mão, pois logo adiantou seus passos zombificados em direção ao Dr. Wolff. Com a boa mira que tinha Higor não erraria o primeiro tiro, mas errou. E, o Sr. Oliveira continuou sua maratona zumbi somente até as escadarias. Pois, o segundo tiro o acertou em cheio na cabeça e o fez “desfalecer” no chão. Isso, porém, foi um lapso de nosso Herói, pois os outros clientes ouviram e começaram a se guiar em sua direção. Higor correu em direção aos fundos e para sua surpresa Shar estava de pé no mesmo. Continuou em passos rápidos atirando em Sharlene e que também foi “morta” por seu mais novo amante (realmente, ela não tinha sorte com os homens). Chegando até porta que dava no quintal, percebeu ao longe algo que lembrava um braço, e, que provavelmente pertencia a Fred. A porta do quarto de Toninho estava aberta e de lá, ouviam-se gritos misturados as mais belas batidas de bossa nova. Agora, por fim, percebeu que estava em sua mais clássica crise de sofrimento: Esperança? Pra quê? Finalmente, percebeu que desde o começo viver era inútil, que Deus era inútil, que a sociedade não valia nada e que provavelmente o sexo deveria ser tão fútil quanto a acreditar no “vencer na vida”. Tranqüilizou-se e tudo se dissolveu por completo, quando ao focar sua vista no cemitério, percebeu que as primeiras mãos já brotavam da terra.
Uma idéia na cabeça... Um revólver na boca... Bang!
Ass.: Mattüs
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