segunda-feira, 13 de julho de 2009
Morttüus Art Manifestüs
Correspondendo a nossas necessidades putrefativas, resolvemos trazer a tona tal manifesto, defendendo como nova manifestação artística (ou anti-artística) o grandioso ápice vital de todos os tempos: a Morte. Desde o inicio, tal fato de ação determinista sobre a humanidade foi abominado e de muitas maneiras tentou-se apagá-lo através das religiões, mas com a chegada de nossa contemporaneidade, comprovamos sua pura existência como o cessar da vida e, agora tentaremos comprovar que tal fim representa o inicio de uma obra, onde todo sublime cadáver representa uma manifestação de conteúdo inteiramente artístico.
Com a chegada do século 21, contemplamos o assassinato de humanos como sendo uma ação corriqueira de nosso dia a dia, com isso o suposto significado sagrado da vida perdeu seu sentido. Pessoas perderam seus valores como seres viventes e naturalmente a raça humana caminha para sua autodestruição. A morte em nossas temáticas não passou a ter um novo significado, somente ganhou uma nova visão sobre os olhos de seus apreciadores. Porém, deve-se notar que não seria qualquer assassinato uma manifestação da arte necrótica perfeita, exige-se uma espécie de contemplação cadavérica, presente intimamente nos saudosos serial killers. Um assaltante ao cometer latrocínio não está sendo um gênio mortuário. Suas vitimas não passaram de um acidente, e não ocorreu nenhuma análise tanatológica do(s) morto(s), sendo assim excluímos qualquer característica de artista ao feitor da ação. Porém, os transeuntes que venham a observar com emoção o fruto de tal ignorante ação, dão uma característica de obra artística ao defunto, nesse caso, podemos plenamente afirmar que ocorreu o fantástico caso, de uma obra de arte não ter autor.
Com a chegada da cultura Gore/Splatter nos cinemas e música, tal manifestação foi estabelecida de maneira formal, documentários como “Faces of Death” são assistidos com fanatismo por seus expectadores, que o observam com um grande e sincero prazer sobre a desgraça alheia. Estabelece-se assim, uma espécie de cultura mortuária, a qual a morte alheia e a contemplação dos cadáveres geram prazer sobre os espectadores. E, sendo uma das definições de arte, tudo aquilo que gere emoção nos apreciadores, um morto na esquina, não deixa de ser uma grande manifestação artística.
Um fato bastante curioso de se notar: suponha que alguém faleça no meio da rua sendo atropelado por um caminhão, uma grande mancha de sangue toma a rodovia e suas vísceras criam um perfeito caminho até os pedaços de carne destroçados que um dia tiveram vida, logo você notará que a rua se encherá de espectadores loucos para contemplar aquele fato, elas observam com asco. Algumas até desfalecem quando vêem a bagaceira, mas mesmo sabendo que são sensíveis a tais fatos, eles precisavam ir lá e observar. Elas têm um interesse mórbido em simplesmente ver o cadáver destroçado de seu semelhante, a desgraça alheia se tornou atraente para os olhos dos passantes que observam aquele cadáver inerte quase que com a mesma emoção de ver um quadro em uma galeria.
Voltando ao caso do assaltante, podemos afirmar que é praticamente igual ao do caminhão: o motorista de caminhão não tinha a intenção de matar o pedestre, porém o cometeu. Não se tinha a intenção de criar uma obra, porém ela foi instantânea. Nesses casos afirmamos, mais uma vez, que a obra ocorreu, porém é órfã de criador. Sendo assim, os únicos autores legítimos de nossa escola cadavérica são os serial killers, que com seus atos promovem o que resolvemos intitular “Homicídio Clássico”. Afinal, suas intenções desde o principio eram de exprimir em cima das vitimas, seus sublimes desejos e convicções. E sendo enaltecidos, pela cultura Gore, estabelece-se assim uma cultura homicida, que talvez represente a humanidade, em sua natureza mais primordial de instinto.
A Cultura Homicida e a Misantropia
Como já foi citado, os desejos homicidas se fazem presentes na natureza, e constantemente são expostos em crises de violência diárias. Quem nunca sentiu vontade de matar alguém? Esses desejos, às vezes se tornam incontroláveis pela vontade, e assim acontecem as chamadas tragédias, que aqui defendemos como manifestações artísticas. Em nossa era o ser humano vem ganhando características sociopáticas através de vários fatores, desde a exclusão social até a preferência por contatos virtuais. Sendo assim, outro semelhante pode lhe causar pavor (no meu caso) ou aversão. E nesses casos de aversão temos a famosa Misantropia. Assim, os misantropos geralmente tendem ao homicídio e representam os grandes gênios de nossa tese.
Os serial killers representam pavor para a sociedade que tanto os oprimiu. É bastante cômico ver a sociedade se assustando com pessoas que são frutos de uma exclusão fornecida pela própria sociedade. Temos exemplos clássicos, como o do jovem Marcelo costa de Andrade, vulgo Vampiro de Niterói. Desde criança, apanhou de seus pais e foi jogado de lar em lar, pelo simples fato que seus familiares lhe acharem “depravado”. Marcelo não ia bem na escola e em casa, mesmo depois de atingir a maioridade, adorava ver desenhos animados. Sua família não deu afeto ao menino Marcelo que decidiu fugir de casa e ir as ruas se prostituir com meros 12 anos de idade. Apanhou, foi violentado, passou necessidades e assim decidiu voltar para casa, onde lhe receberam com mais ignorâncias. Tentou buscar ajuda com Deus na nossa querida Igreja Universal, mas só encontrou mais um meio de alienação para sua mente tão confusa. Sendo assim, toda uma aversão, tanto de dentro de casa como de fora, fizeram o repudiado menino Marcelo assassinar, violentar e beber o sangue de 13 crianças. Bom, a culpa é somente dele? Não nos cabe dar essa resposta, afinal não estamos aqui para julgar e sim analisar os fatos que ele cometeu. Como bom artista de nossa era, Marcelo descreveu com frieza para uma repórter todos os assassinatos: ele dormia com os cadáveres e, às vezes, transava com os garotos mesmo depois de mortos, em um caso fantástico, Marcelo furou a barriga de um garoto com uma chave de fenda, para deixar o sangue escorrer, e bebendo esse sangue, Marcelo acreditava que podia ser feliz e inocente como aquelas crianças. Tornava-se mais um monstro abominável para o próprio sistema que o criou. Outro caso, bastante interessante é o assassino Francisco Rocha, mais conhecido como Chico Picadinho. Passando por traumas parecidos com o de Marcelo, Chico tornou-se um sociopata nato, porém ocultava e controlava seus impulsos. E somente quando ingeria bebidas alcoólicas, Francisco se libertava e expurgava para a sociedade toda sua raiva mutilando, ou melhor, dissecando suas vitimas. O estudo de casos particulares também não é a intenção de tal manifesto, somente queremos que seja percebida o quão gigantesca é a hipocrisia social.
Todas as formações de personalidade são criadas pela sociedade e pelo caráter do individuo, porém nos momentos de acusação, somente a personalidade é levada em conta, sendo assim, a sociedade tenta encobrir suas falhas e promover um falso julgo sobre esses homens, a qual declaramos artistas, ou até mesmo Heróis. No caso especifico dos assassinos em série, temos uma espécie de culto à morte, o assassinato consumado representa um alivio para o artista, eles descarregam suas emoções em suas vitimas, sendo assim, os cadáveres possuem características emocionais de seus algozes, teoria que se encaixa perfeitamente, nos conceitos de arte.
O Processo de Produção
Como qualquer outro tipo de obra, podemos dividir o homicídio clássico em algumas partes de execução. Toda realização tem uma espécie de ritual, em que somadas as partes temos a obra completa. Sendo assim, poderíamos claramente dissecar o assassinato (ou processo de produção artística) em tais partes:
• Fase Gênesis: Nessa fase, encontram-se todos os preparativos e impulsos iniciais para o inicio da obra. O artista sentindo o transbordar de emoções corre em busca de uma matéria-prima. Tem-se inicio uma caçada por uma vitima que tanto pode estar ao seu lado, como no mais distante ponto do planeta. Os impulsos é quem escolherão a caça. A racionalidade é bastante necessária nessa hora, afinal vários detalhes e qualidades devem ser bem observadas para comprovar se são do perfeito estilo ou gosto do assassino. Geralmente mulheres e crianças são as mais cotadas para servir de matéria, pois sua aparente vulnerabilidade se torna atrativa e dá um tom de segurança para nosso artista. Em alguns casos, os artistas são homossexuais (Jeffrey Dahmer) ou tem uma suma necessidade em abater machos, daí temos os homens como principais matérias-primas. Tal fase tem seu fim a partir do momento que a vitima toma conhecimento da ação de seu algoz.
• Fase Escatológica (ou Essência): Com a tomada de ciência por parte da vitima, a fase escatológica ganha uma forma bastante prazerosa para nosso artista. Através do terrorismo verbal e agressões físicas, tem-se inicio o ápice emocional positivo para o homicida e o negativo para a vitima. Geralmente, a violência sexual está presente, e assim, nosso artista busca inspiração no sofrimento alheio. O sadismo se apresenta de maneira feroz: com a adrenalina liberada no corpo de psicopata, as primeiras idéias de criação surgem em sua mente. O artista tem em seu juízo um sumo prazer pelo sofrimento alheio, basicamente seria o descarrego de todo ódio acumulado ao longo de anos de opressão. Aos olhos leigos, a vitima parece ser mais um inocente, mas deve-se fomentar que ela representa uma pequena partícula da sociedade repressora e que com certeza já cometeu erros com alguém e se sentiu perdoado, mas na mente de nosso louvado killer, os perdões são inexistentes e precisa-se de prazer e vingança a todo custo, não importando miseras identidades, todos deverão se apresentar iguais perante a chegada da morte. Tal fase pode perdurar por dias até que por fim o ápice vital seja atingido. Sendo assim, o processo de criação ainda está em andamento...
• Fase Tanatológica (Mortüus Art): Com a vitima finalmente falecida, o artista tem a total liberdade de lidar com o corpo para produzir sua arte. Magníficos desmembramentos, incineração, mutilação e amputações são os métodos mais usados. Em casos de canibalismo, temos as partes não comestíveis representando a obra. Finalmente, o artista descarregou sua congestão de carma e assim, saciou seus maiores prazeres. A desfiguração cadavérica representa o perfeito sentimento de produção artística, imagina-se que o serial killer e o cadáver são como um artesão e a argila. A obra precisa ser moldada de acordo com os desejos de seu idealizador, e ao fim de toda modelação, temos a arte final pronta para ser exposta a pútrida sociedade.
Com o fim das fases de produção temos a mídia mortuária para expor todo conteúdo da arte através de jornais, TV e bizarras descrições radiofônicas. Assim, temos toda a exposição da produção artístico-cadavérica. Que geralmente, é totalmente acompanhada pelo artista em busca do merecido reconhecimento. Em tal fase é comum considerar as fotos da perícia dos legistas como uma grande fonte, afinal apresenta a arte de maneira complexa e bastante detalhada. O processo de arte mortuária está finalmente completo e a sociedade aguarda frenética por mais obras.
Peculiaridades
• Necrófilos: No caso dos necrófilos, é óbvio que o processo se inicia com a vitima já falecida. E em alguns casos, já em avançado estágio de decomposição. O ataque sexual a cadáveres geralmente é praticado por homens de vida sexual desativa. Mulheres são praticamente excluídas de tais particularidades, afinal nem Silvia Saint conseguiria uma ereção de um defunto. A necrofilia talvez possua os fatos mais grotescos, afinal o odor do putrefato e a expurgação de líquidos viscerais não incomodam nosso artista, em alguns casos, chegam até a aumentar o prazer. Com o ato sexual consumado, a obra deve ser apreciada desde seus simples detalhes, como as características da violação do túmulo, até a obra em essência, representada pelo cadáver violado e o peculiar lema da classe necrófila “Garotas Mortas não dizem NÃO!”.
• Suicidas (Auto-arte): Por motivos diversos, ligados à depressão ou até mesmo a excentricidade, os suicidas também merecem seus créditos em tal manifesto. Nesse caso, o artista utiliza seu próprio corpo como obra representando o estranho caso de Auto-Arte. Ocorrendo a ausência da fase Gênesis, ou que possa até mesmo ser representada pelos primeiros impulsos suicidas, tem-se inicio a automutilação seguida de intencional falecimento. Também é comum, a ingestão de substancias químicas que levem o artista a um estado de convulsões e conseqüente morte. Costuma-se tratar esses mostres da arte contemporânea com certo desprezo, dizendo que sua arte é uma covardia, porém temos o mesmo caso dos serial killers, mais uma vez o dedo da sociedade empurra o indivíduo para tais caminhos e no lugar de produzir arte em seus semelhantes, o suicida tem um comportamento bastante intimo de dilacerar seu próprio corpo. Existem alguns casos de farsas: alguns indivíduos buscam atrair a atenção que nunca obtiveram durante a vida através da Auto-Arte, porém não passam de excêntricos em busca de fama, esses sim, são os verdadeiros covardes...
Post-Mortem
A partir de tais definições expõem o fascínio mórbido que a sociedade tem pela desgraça de seus membros e que ao mesmo tempo repudia tais ações, entrando em um estado de suma contradição. O instinto humano através de sua natural sociopatia, quando provocado, sente a necessidade de descarregar seus sentimentos. Quem nunca desejou matar o chefe antipático? Ou aquele vizinho insuportável? O amor perdido ou aquela simples pessoa que te gerou ódio à primeira vista? Todos têm um misantropo dentro de si. Seu individualismo te consome, e não serão meras leia que te proibirão de agir... Visto isso, Mãos A Obra!
Esse Manifesto é dedicado aos Heróis do passado e Presente: Pedro Alonso Lopez, Gilles de Rais, Luis Alfredo Gavarito, Dr. Jack Kevorkian, Bela Kiss, Lucian Staniak, Donato Bilancia, Robert Hansen, Richard Ramirez, José Antonio Rodriguez Vega, Pete Sutcliffe, Rosemary & Fred West, Jeffrey Dahmer, Ed Gein, Chico Picadinho, Marcelo Costa de Andrade, John Wayne Gacy, Febrônio Índio do Brasil, Unabomber, The Zodiac, Ivan Milat, Ed Kemper, Andrei Chikatilo, Charles Ng e Leonard Lake, Richard Chase, Aileen Wuornos, Albert Fish, Deu$, Jesus Cristo e GG Allin!
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